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Palavras são doenças esperando cura. Quando digo o que sou, de alguma forma, eu o faço para também dizer o que não sou.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Blasfemar perante os ossos.

Vou ficar aqui, quieto, tragando o canudo de mim mesmo. De forma hercúlea vou vivendo, me vencendo, me devendo a cada dívida pendurada no pulmão. É, meu bem, deixo por lá que é pra não ter risco de se aproximar do frágil e desgostoso coração. Esse tal de Carlo Lagos faz frases que ele mesmo não concorda, faz ronronar dentro dele uma dureza infinita, uma paixão e ódio pela vida de forma bem medonha e igualitária. O bom é que estou escrevendo no fundo da minha solidão, das minhas loucuras, mas ao mesmo tempo ainda consigo viver, sorrir, e não me matar mais do que o tempo pode fazer. De que me adiantaria lavar o coração, a alma, caso você não esteja aqui para secar as imundas lágrimas? Carência afetiva, dear, e ainda vejo aquela menininha em meu sonho, ou o sorriso do meu velho pai,de barba e usando Azzaro, que eu nunca mais vi.

Batom meio borrado, batom de menina que se arrumou correndo e desceu as escadas – o elevador demoraria muito – correndo para vê-lo passar e, tão rápido quando a felicidade quando chega em nossas vidas, ele passou. Se foi. Não volta pra esse roça mental e cheia de meteoritos que seguramos na mão por onde andamos, chamada: vida real. Ignore esses pensamentos das quatro da manhã. A vida é traiçoeira, minha criança. Você sabe disso. É meio sem sentido você conversar com o poste pedindo conselhos e ainda perguntar o porquê dele se apagar. O dia já vem te saudar, a vida vem te aporrinhar. Jogue fora as idéias arcaicas que resvalam em fracassos sórdidos, reate com os sonhos vermelhos e desesperados que ficaram em algum meteoro monstruoso dentro de ti, afinal de contas, a ponte começa sem esperança alguma e ninguém nunca sabe quando será necessário ejacular sem mostrar a nova cueca e abaixar as calças para as altas idéias medonhas. Aponte para onde você não precise controlar suas emoções, somente aceitá-las e reconhecê-las.

O gosto da boca dela ainda está na minha. Era uma sensação de desespero entre a ejaculação acelerada da cocaína e de um venenoso olhar, um beijo malicioso e aeróbico tentando se esquivar pra não perceber o quanto ela se perde dentro de si mesma. Não adianta, não vou mudar o meu jeito de ser: meloso-diabético com tanta meditas exatas e erradas buscando a perfeição. Não sei fingir que nem estou afim de ficar afim de alguém: ou estou afim, ou quero um fim. Deixo tudo bem claro, sem cozinhar a coxa ou o peito e indo direto no coração ou no fígado, só ando no escuro quando os nossos corpos estiverem entrelaçados. Comigo sempre vai ser assim. Posso me adaptar a soluções que sejam favoráveis a ambos, entretanto, nunca baixarei a bandeira do meu maestro antes que esteja tudo acordado. Eu sou assim mesmo. Ligo dizendo que não quero a queda, mando uma mensagem dizendo que o convir do coração está gritando. Sou sufocante e me torno meio anestésico ao saber que estou enchendo a paciência alheia com excesso de carinho. Sou como um corisco no caos, como um momento bom esperando um momento de saudade. Entre os nãos da vida e o nau que já apita e sucede a partida. Não faça muxoxos por eu não gostar de você, ou por eu não mais encostar em cada sonho fugido de sua vagina seca e frustrada tendo que viver com a realidade de estar solitária. Há dias que eu acordo sem gostar de ninguém; até de mim mesmo.

Duas semanas? Pensei até que seria mais.



Carlo Lagos.

3 comentários:

  1. Me identifiquei muito com esse texto. Em alguns trechos. Adoro ler você. Adoro.

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  2. Eu também sou muito sufocante as vezes e isso me incomoda um pouco, mas acho que cada um com seus defeitos e qualidades ne, so não podemos deixar os defeitos suprir as qualidades.

    Lindo texto, como sempre!

    Beijos sumido

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  3. Eu não sei o que é pior, acordar há dias sem ter alguém pra amar, ou amar alguém que não te quer nem um dia...

    A vida é foda!

    Te gosto muitos tantos...

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