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Palavras são doenças esperando cura. Quando digo o que sou, de alguma forma, eu o faço para também dizer o que não sou.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Acredite da mesma forma que duvido.

Não vai dormir, à tarde, esperando que quando acordar tudo vai estar melhor. Dorme logo por um ano, se assim for. Você aprece motocicleta às duas e trinta e oito da manhã querendo atenção, ou gasolina como um viciado tentando conseguir droga, ou atenção. Ela pode até te mandar uma mensagem e você acordar muito bem. Ela pode beijar um outro alguém, chegar em casa com a consciência dolorida – a consciência dela é muito insana pra ficar pesada – e te ligar dizendo que se comportou mal com você no dia anterior. Enfia esse cacete em algo decente, ou põe ele pra dormir junto com o coração. Sou um ser humano normal. As pessoas têm uma mania maldita de me verem de forma diferente e, logo que tomo uma atitude que pra mim seja normal, se espantam. Já cheirei até o nariz sangrar, já chorei por gente que não merecia nem um aperto de mão, já mandei um baseado pra uma ex-namorada quando, na real, eu queria mandar uma carta bomba destinada ao inferno, já transei nas escadas do shopping e fui pego com o membro ereto – e eu pensava em outra pessoa sem ser a que ali estava trocando prazer e sexo com distúrbio. Me chamam de caótico por isso. Me vêem como um ser estranho, uma mistura de Creep-com-o-Cara-Estranho- dos Los Hermanos e eu digo: sou normal; pelo menos para a minha felicidade.

Aprendi a adiar cada momento em meu seu: ocorridos e desejados. Adiei o ódio, atiei ao ópio. Corpos espelhados com luzes de suas próprias áureas, vidas sacrificadas por suas próprias alegrias ilusórias.’’Love is suicide’’; quase concordo com esse trecho do Smashing Pumpkins. De cara, adiei o meu rancor, mas, ainda assim me sento na janela querendo ver o mundo se acabando em querosene pra que eu risque o primeiro fósforo e o jogue lentamente, aqui, do andar de cima da minha cabeça. Só não aprendi a adiar esse maldita mania de me entregar de cara, de bandeja, oferecer meu coração como se fosse o couvert onde as pessoas ficam tocando os seus sentimentos como se fossem petiscos e não como se fosse o mais esperado: a sobremesa; a deliciosa calda do doce; a bomba de chocolate com as mil folhas de alegria. Avocando todos os sentimentos, vivo como um arauto do amor. Arauto de mim mesmo. Sei que a dor vai se sentar e logo precisarei de mais uma dose daquele imundo conhaque. Você consegue permanecer olhando quando os olhos dizem sim, as bocas se convidam fazendo festas, os perfumes formam uma única fragrância, mas o olhar diz não. Você se rende as evidências, imprime mais amor, esmaga a dor de não mais ter aquele carinho no escuro do cinema. Você se contenta com o carinho e vai dormir como uma criança boba e despreparada enquanto o casal, na fileira de trás, faz um sexo tão agressivo quanto a vida pode ser lá fora. As luzes lá de fora transbordam no fogo da bilheteria. Não vou dizer que cansei, pois ainda te desejaria. Vou dizer que me enojei de toda essa história sórdida; aí, de fato, você pode ser a última boca a ser beijada no mundo que ainda assim vou preferir andar de mãos dadas, com o meu ser.

Carlo Lagos.

8 comentários:

  1. É nesse filme problématico onde amores terminam e começam com suspiros que o coração atira balas suicidas para todos os lados. Entendo a dor é lucro, quando o peso das mãos não servem para tocar no romantismo esquecido. Aqui ou ali. Estará a sua história inteira. E você ainda tem sorte de dedilhar promessas, enquanto cria algo pra sonhar.

    Um beijo.

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  2. É amigo, a vida é essa e pronto. É assim pra todo mundo, e o que podemos fazer?

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  3. Gostei muito deste site e por isso resolvi colocar uma mensagem para conhecimento de todos. Já existe uma maneira de se fazer grampo de celular. Chama-se telefone espião. Você pode encontrar no site www.celularespiao.net

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  4. Então no fim ambos tem que escolher um jeito de fugir da dor: amores descartáveis ou conhaque. Love is suicide, camarada. Mas ninguém está disposta a abrir mão dele, mesmo que o final seja assim.

    Já estou te seguindo no twitter, temos que escrever algo juntos mesmo.
    :*

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  5. adoro a fúria das suas palavras. pessoas não são substituíveis, embora algumas possam servir como distração. teus textos são assim, nos devoram se permitimos. um beijo

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  6. Estive com saudades de você, do seu palavriado. Da intensidade que voce trasnborda. (:

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  7. Carlinho, que saudades suas! Nem preciso dizer que adorei suas palavras (de novo e como sempre), né?

    Não some!

    beijos

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