Minha foto
Palavras são doenças esperando cura. Quando digo o que sou, de alguma forma, eu o faço para também dizer o que não sou.

domingo, 11 de setembro de 2011

Falácia

Acontece que as coisas pra mim nunca funcionaram e nem funcionam. Nem sei se faço tanta questão. O alto consumo de etílico não vai me destruir. O Clonazepan de madrugada me destrói mais. Destrói por não fazer mais efeito. Sou obrigado a me manter doce, em plena calmaria com a cocaína pra agüentar virar mais uma noite, ou não entrar em pleno transe de São Francisco de Assis de mim mesmo.

Nem me arrependo do primeiro baseado ou da primeira carreira inalada aos 14 anos de idade. Sim, o meu egoísmo prevalece quando o meu sentido em busca de prazer grita me dando bofetadas. Me arrependo de não ter sido sincero com a única mulher do mundo que mataria e morreria por mim: mãe! Essa sim, merecia qualquer esforço do meu ser. Foi triste contar certas coisas a ela. Foi mais triste saber que ela sempre pediu que eu contasse com ela pra tudo e eu sempre tranquei as janelas e portas de acesso a nossa comunicação. A minha queda.

Não quero ser o novo poeta exagerado, tampouco, bancar o doce Caio F. Abreu. Identifico-me com os mesmos. Acho neles um pouquinho do meu ser, crio coragem para fazer o que sempre quis. Os terrores noturnos ficam livres de anjos sem luz quando se entende que a falta de um outro ser não é – nem pode ser – maior do que a falta do seu próprio ser. Caí do céu em um dia chuvoso, com uma queda imensa entre viver e morrer, e permaneço na velocidade terrível da esperança de que um dia serei compreendido. Não peço que aceite os meus costumes-manias e o meu jeito ranzinza de ser. Só peço que, pelo menos uma vez na vida, deixe-me ter a luz que de fato é minha por direito. E eu quero inteira.

Carlo Lagos.

7 comentários:

  1. Lindo. Como tudo o que você escreve. Muito mais limpo, muito mais claro.

    ResponderExcluir
  2. Que consigas esta luz, e que durante este caminho sejas, de fato, a luz, e que essa luz abra as janelas, as portas e destranque as fechaduras que restem. Que a casa seje arejada do frescor da compreensão e que a liberdade seja o tira-gosto das manhãs.

    ResponderExcluir
  3. Meu querido anjo.. quanto tempo não postavas por aqui, sinto falta.. Mas como sempre tem uma leveza e uma facilidade incrível de transportar suas angústias e até as alegrias nos seus escritos. Escrever faz bem, ajuda a nos entender ou diminuir quaisquer coisas que nos afligem. Não sei se essse texto seu é auto-biográfico, mas a mãe da gente sente, sabe, busca, enxerga, aproxima da alma da gente. O faro dela é indescritível. Venho passando por umas coisas aí e me vi aqui em algumas partes do seu texto, a vida não é fácil meu amigo, mas adentrar no fundo, do fundo das nossas crises é pensar demais, to procurando não pensar, não querer a resposta pra tudo na minha vida, apesar que o não querer buscar respostas pra isso ou pra aquilo, remete algo como fuga da realidade. Mas talvez minimiza certas situações. Penso que o encontro da calmaria se uni em outras coisas, em outras almas, há possibilidades, há outras formas sem desviar, ou partir pra outras ferramentas adicionais que a vida às vezes nos oferecer, as facilidades às vezes não prolonga a alegria e nem tão pouco o bem-estar.
    Um beijo do tamanho do mundo nessa alma linda que é a sua...
    Te adoro mt, mt, mt...
    Fernanda Fraga.

    ResponderExcluir
  4. Meu querido, que saudade de ler você...
    Te reparar nas enrelinhas carregadas da tua vida, com todos os doces e amargos que a gente tem que suportar. Incrível como sinto o cheiro desse texto. Talvez, eu só consiga isso com as palavras tuas...
    Sabe anjo, tu és livre demais até para os teus próprios pensamentos, devaneios, delírios, se posso assim dizer. Não são só falácias. Madrugadas repetidas como essa, um som bom e aquela vontade de ser você, para quem você ama... confessam o quão especial você é. O quanto a luz que você que inteira, já está dentro de ti. (Eu vejo).

    Mesmo com tanto medo, repito, só as mães são felizes... e eu sei que você me entende assim.

    Te amo.
    Menos que a sua mãe, ahaha.
    Mais do que você imagina.
    Te amo.


    Beijos, Nii

    ResponderExcluir
  5. que saibas arrancar luz, fé, força e tudo o que precisares de dentro de ti. o tempo traz a vontade, faz a gente acordar e perceber que precisa ir pra frente, que precisa fazer por nós mesmos. quem gosta de você tenta ajudar, tenta entender, mas, infelizmente, não pode fazer mais nada além disso. o renascimento é coisa nossa. é bom ter quem faz bem por perto, é bom guardar e fazer durar quem realmente se importa. de vez em quando falta tempo, falta jeito, mas é à partir das lutas diárias e do reconhecimento do que não deveria ter sido que a gente cresce, percebe e muda. nossa alma é maior e mais sábia do que todo o resto, as ações e os pensamentos, sendo individualizados, são só uma pequena parte do que a gente é. se deixe ser inteiro, sempre. e tudo coopera pro que é melhor, é só saber se equilibrar.


    gosto muito de você, gosto muito do que você escreve, gosto muito do que você é. beijo grande.

    ResponderExcluir

Pense o que quiser, escreva o que puder, mas, por favor, seja sempre sincero.