Insistência.

Se desviando da verdade e sempre se perdendo. Ela nunca sabe onde quer chegar, tampouco, se almeja estar em algum lugar. Entre lembranças mórbidas e um futuro incerto, entre o presente inconstante em plena segunda-feira e o isqueiro que está por acabar. Ela é torta pra uns, irrequieta pra outros e sempre promete largar o vício de castrar amores em corações que se dividem entre amores e plumas.

Já tentou recomeçar umas oito ou nove vezes – é, essa escolha de recomeçar já repensada com urgência e aflição. Sai em ruas que não pode voltar atrás, menina, mulher, vadia que sempre alguém quer, mas nunca terá igual. No começo, no primeiro contato, tudo parece ser tão certo, mas, oh, é tudo muito sério pra você e dentro dela é somente uma esplendida necessidade de ser séria-do-tipo-inocente. E quando a gente está tão certo aparece as dúvidas do que foi dito. Surge, em falas macias, um desejo sujo e com uma fragrância eterna. Seria muito peculiar dizer que ela não tem mais jeito, ah, sem essa de encarnar a dor dos outros. Você não poderá ser Cristo a vida toda pros outros. Você não vai poder ficar carregando uma cruz que não é tua.

Queria alguém que não estivesse só no em meio a ventania, mas, sim, sentisse toda sensibilidade que se encontra dentro de um coração rasgado por raios e chuvas nunca antes secada. Se estiver muito ruim aí, mude pra cá. Se estiver com nuvens escuras em ti, mude. Mude de lugar ou de ser. Mude pra dentro de mim e veremos como ainda pode ser doce e delicado amar. Jogue todas as fichas necessárias para estar bem. Com a narina toda deteriorada pelo uso excessivo de pó do amor. De tanta igualdade ao beijar alguém. Ela tenta, erroneamente, substituir as tensões diárias por distrações com corpos alheios, ela é tão ingênua e não compreende que deveria arriscar ser feliz e não tentar matá-lo...Dentro dela mesma!

Carlo Lagos.