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Palavras são doenças esperando cura. Quando digo o que sou, de alguma forma, eu o faço para também dizer o que não sou.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Mais ninguém.

Eu sempre precisei de algo mais. De corpos espalhados entre os sinais e barreiras de nós mesmos. Difícil me concentrar no trabalho quando fico imaginando teu corpo, tua boca sedenta e gulosa engolindo minha língua. Difícil acertar a posição da mesa na sala – foram tantas vezes com ela torta. Adriana Calcanhotto já nos ouve mesmo enquanto adormece. Devorou aquela bunda lisinha como quem andava por dias na seca do deserto. Aproveitou cada sentimento e nem usou aquela camisinha de morango que sempre manteve em punho e agora tem medo de encontrar a Elisa? A Anita é mais mulher? A cocaína te fortifica em quantas proporções drásticas? Minha amiga, as coisas vão mal, já pensou em psicanálise ou ioga ou se jogar do vão central da ponte RioxNiterói? Não deixe tantos rastros, pois pistas e doenças amorosas são inimigas.

Sempre mandam você ter esperança, é uma bela forma de protelar em ti a vaga frustração de não se desesperar por não ter um amor. Deixe-a tocar mais nela mesmo ou naquela amiga de MSN que tanto deseja abocanhar. Deixa o rapaz do barzinho na esquina sugar todo suor do ombro do moreno ao lado. É deles. Eles preferem assim. Deixa-os arderem em tesão. Procure o que te agrada. A mim, sempre me foi mais útil sentir minha dor quieto, esperar pela namorada que passearia comigo pela praia vendo um pôr-do-sol e cantarolando Cartola ou Los Hermanos. Bem clichê, eu sei. Enquanto isso não acontece vai doendo. A dor se torna prazerosa quando o prazer causado por dores alheias está atuando. Com o coração não pode haver nenhuma conjugação. Se eu bato. Tu bates. Ele, o coração, logo morre. Falta de carinho e puta carência afetiva com grande tendência a não termos um relacionamento saudável.Nada tenho contra os que vivem sorrindo, com retratos abstratos, nada mesmo. Mas, sempre me deu aquela curiosidade de saber como eles ficam quando não conseguem mais se enganar. Percebem que nada passou de ilusão com gritos e ferimentos dentro de seu próprio copo. Entre tantas cidades de si próprio. Fogem do ano? Traçam novos planos entre a tua boca e a Lua? Ainda serei estrangeiro. Ainda sou caseiro em meu ser. E nada passa por aqui, só o mesmo vento que te agonia por aí. Eu sei que vai sangrar o coração, ainda te restam trezentos e oitenta minutos. Vou estender o tapete vermelho para passares, mesmo que tenha um buraco embaixo – ela nunca poderia perder a pose de Greta Garbo mal fodida em plena fria madrugada de Domingo. O que você precisa é muito grande para encontrar explicações, para caber na palma da mão. Quando você se concentrar, estiver com os sonhos acontecendo, o maldito coração – bem poliglota – te confunde em várias linguagens sentimentais e te acerta fazendo errar a razão. Deus misericordioso, tenho tentado ser mais humilde. Já desamarrei todos os anjos de guarda presos em minha gaveta de cueca. Pode, por favor, me trazer um amor e uma paixão, bem rápido. Com horários e palavras certas. Com fotos que sejam eternas em minha cabeceira.


C. Lagoϟ .

2 comentários:

  1. Uau, a cada palavra, parágrafo, uma surpresa, um desejo mais intenso.


    Saudade!

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  2. Primeiro me apaixonei pelo teu realismo, depois pela menção da Greta Garbo (nenhuma outra referência seria melhor pra fazer imaginar a pose de fodida lindíssima) e depois pelo conceito de coração poliglota. De algum jeito me senti descrita em tuas palavras.

    =*

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