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Palavras são doenças esperando cura. Quando digo o que sou, de alguma forma, eu o faço para também dizer o que não sou.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O pouco que sobrou.

Eu precisava tanto estar seguro. Não que haja algum mal humano ou desumano, não que haja alguma força cósmica conspirando contra o meu ser. O meu maior problema sou eu mesmo. Crises existenciais? Já sou eliminado até por esta. Sangra a alma. Sangra a dor de ver que a única cadela que você amou de verdade, daqui a pouco, por volta das 14:30, estará sendo encaminhada pra eutanásia. É, ela envelheceu. Chora de dor. Chora por saber que o amor dessa casa não lhe será mais concedido – não de forma física. É estranho viver. É estranho ter que estar aqui. Não pedi mesmo pra vier ao mundo e, por vezes, tenho em mente que nem Deus nem o Diabo me querem e que o Limbo seria paraíso pra mim...Por isso ainda me deixam aqui.

Encolher o medo dentro de mim não é uma forma viável e corajosa de existir. Eu amei tanto. Eu fui inúmeras vezes enganado. É, maldita mania essa que nós temos de pôr tudo em primeiro plano, menos nós mesmo. Eu gostava tanto tanto tanto da minha casa cheia. De pessoas sorrindo, bebendo de água até a LSD. Gostava de ter que brigar com as pessoas que cheiravam longas carreiras em cima da TV de controle remoto que minha avó acabara de comprar. Gostava de controlar os mais assanhados. Gostava... Gostava... Gostava... Hoje,não sei mesmo o que gosto, o que me faz feliz, ou menos infeliz. Gostava do abraço curto e ao mesmo tempo infinito da Tay Carrara; ela sabia diferenciar as estrelas de qualquer outra coisa que brilhasse no Céu. Você pode estar pensando que isso é fácil; fácil é carregar água na boca e não ter vontade de gritar.

Sempre pedi todo cuidado do mundo. Sempre pedi que fosse tratado como um neném, mas que me dessem o respeito de um homem. Cortejei os demônios de mim mesmo, não me acanhei nem um pouco pois o estrago me atraía. Não pense que tudo isso me enfraqueceu, pois: você só sabe o que é ruim ou bom se experimentar. Se puser a sua própria carne perto do fogo e escolher se quer ao ponto ou bem passado. Escolhi ser assim: solitário de mim mesmo, mas saibam que as pessoas te ajudam nisso. Aliás, a vida te leva ao acaso, é amiga por vezes, mas também pode ser aquela vizinha megera, que fica cantarolando músicas de igreja às 06:15, quando você achar que está bem.

Carlo Lagos.


10 comentários:

  1. Sabe que por vezes penso nesses abraços infinitos e então posso fechar os olhos e quase que posso senti-los novamente!

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  2. Te lendo e conseguindo compartilhar de tua agonia no texto, só consegui lembrar d'um trecho do Caio:
    "Como queria tanto saber poder te avisar: vai pelo caminho da esquerda, boy, que pelo da direita tem lobo mau e solidão medonha."

    Eu queria tanto poder saber te avisar...

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  3. É como se tua agonia tivesse sido jogada em mim enquanto eu lia! Escreves tão bem!

    Gostei do teu blog
    Estou seguindo (:
    Beijos*:

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  4. Se estás aflito, entrega tua aflição nas mãos daquele que te amou e te amará sempre e em teu coração terás um pouco de paz.

    Obrigada pela visita e volte sempre, serás sempre bem vindo.
    Seguindo de volta :)*
    Boa semana p/ vc!!

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  5. A vida vem atráves mesmo dessas agonias e desses medos que ao certo não sabemos, mais que culminam a alma. Você tem uma bela escrita. Voltarei sempre. Um beijo.

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  6. Eu não sei ao certo o que senti enquanto lia, ms acho que foi uma 'agonia'.

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  7. Queria poder estar perto pra poder tocar os seus dias e te acalantar quando precisasse meu amigo.

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  8. Digo e repito que você sempre tem o dom de escrever por mim, tudo que não sai da minha boca você escreve, aliás, tava com saudades daqui, saudades do tamanho do universo e falo mais é muito bom te ter como amigo, orgulho.
    Saudadona, Beijão!

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Pense o que quiser, escreva o que puder, mas, por favor, seja sempre sincero.