Pragmático como um momento congelado em um papel com cores estáticas. Tudo em teu ser é passado. Passado desbotado. Passado uma tal coisa que faz o coração disparar depois das duas narinas entupidas. Você sabe que eu não gosto de lhe ver… Daquele jeito. Essas lembranças sendo tragado por uma brasa que fica entre seu dedos e nunca te faz respirar sem essa pressão emocional. Há tantos casos idênticos por aí e nos entregamos ao acaso.
Se fechar pro amor, nada mais é, do que uma mania velha e feia que temos de dar margens a dor. A madrugada tem fome e não será em suas mãos que o dia vai clarear mais devagar. Um cenário estremecido, com o horizonte verticalizando entre minutos a transcorrer cruzando as dores de frente de uma travessa vazia e triste. Entendi que ao se falar menos, pode-se dizer muito mais. Você ainda levanta a sobrancelha esquerda quando está mentindo. Você ainda caçoa de você mesmo quando não sabe o que fazer com o pirulito em mãos? Esses seus movimentos circulares e contorcidos já me enlouqueceu um dia. Hoje, quem sabe, somente faz com que eu reflita e me recolha aos pedaços de quem eu poderia ter sido um dia.
Você não precisa controlar suas emoções, somente reconheça-as. Te digo, foi bom. Foi uma divisão fodida entre solidão e proteção a dois, entende? Sim, você entende. Eu sinto. Eu me atropelo com uma orquestra de tormentos infinitos em mim. É, mas isso não se diz. As flores caídas e passeando com o vento me empurravam pra frente. Pra frente de mim mesmo. Me pego pensando alto e você me diz que isso é bem ligado ao meu jeito ranzinza e reclamão de ser. Eu me pego num interrogatório de perguntas desprezíveis, que não são nada diferente de ti. É apenas um devaneio com alguma agorafobia ou alguma efêmera solidão? Em meu teatro muito mal ensaiado de rapaz bem educado não há resposta para isso!
Carlo Lago
Lindo
ResponderExcluirSó precisamos reconhecer nossas emoções. E eu entendi que ao falar menos digo muito mais, porque se fechar para o amor é só uma mania velha e feia que temos de dar margem a dor.
ResponderExcluirLindo, lindo texto! Como sempre, né Carlo?!
Obrigada por de um jeito ou de outro, ter falado umas verdades, que são suas, na minha cara. E só peço que você a cada dia tenha mais motivos para ser intenso e assim dar formas às palavras de modo milagroso.
Cuide-se.
Temos essa mania de fecharmos pro amor, nos recolhermos de tal forma que nõa vemos nada além de nossa própria dor.
ResponderExcluirBjo
O que mais tentamos é entender as entrelinhas dos jeitos alheios. O amor é esse labirinto todo. Acho que é por isso que escrevemos tanto. Pra tirar esse sufoco do peito.
ResponderExcluirbjs