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Palavras são doenças esperando cura. Quando digo o que sou, de alguma forma, eu o faço para também dizer o que não sou.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Clareza.


Faltando a paz interior, andei por sete caminhos opostos ao que sempre julguei ser correto, ou, quem sabe, apenas o melhor. Amaldiçoei cada jantar teu que não fora ao meu lado. Me juntei a porcos e maltrapilhos pra tentar me entender… Apenas mais uma fracassada tentativa de me auto sabotar  pra me entender, ou me aninhar a solidão. Fiquei sozinho sem notar, e sem a minha paz que nunca me pertenceu, que sempre esteve entre os seus lençóis. Desapareci dentro da imensidão de mim mesmo, dos meus sentimentos, e a necessidade só soube me adular. 

Cuidei de um corvo como quem tinha em mãos o erro e os ensinamentos de uma coruja em sua melhor forma, numa madrugada gélida e sombria. Me vi, aos poucos, agindo como uma anaconda: com hábitos noturnos e sempre solitários.  A sensação de niilismo quase me derrotou. Tem aquela ideologia de merda de que ainda não seria a hora, né? Por essas e por outras, aos trancos e com muita dor, aprendi a sair e deixar o relógio em casa. O peito ainda bate um sentimento frio, e com o soprar do vento a boca seca e o coração se anima, encolhe entre os dedos a vontade de amar e mostra pelos olhos a necessidade de sentir a pele arder novamente.

Não se culpe, não lamente por fracassar – aprenda: pare de reclamar por não ter dado certo, agradeça por ter tido a oportunidade de tentar . Me acostumei e deixei tudo fugir de mim, me diverti um bocado. Chorei por ter dado tudo por amor, e lembrei que as folhas mortas somem antes do próximo outono. Aprende coração: quem não te guarda, não merece saber por onde vais andar. Parecia tarde pra isso e quando sentia que o meu chão ia me deixar, cantarolei aos quatros cantos, me banhei na dor, me sacudi em um frasco de perfume qualquer e senti que não era mais hora de caminhar no escuro de mim mesmo. Faltou-me a paz, mas nunca os meus desejos. Nunca desisti de ser e, certas horas, por mais que venhamos a ignorar o tempo que quase sempre é uma piada, temos a necessidade de voltar a sorrir - mesmmo que não tenhamos vontade - só para poder voltar ao lugar de onde nascemos: a luz, a verdade!

Carlo Lagoϟ.

5 comentários:

  1. " quem não te guarda, não merece saber por onde vais andar"

    verdade verdadeira!

    lindo texto!

    bjos no coração ;*

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  2. Só posso te dizer que esse último parágrafo é, a partir de agora, meu mais novo mantra.
    Sábias palavras. Você me encanta!

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  3. '' A coragem do mergulho se exige a quem queira provar os perigos ou graças da profundidade, da imersão, do toque. O rio até gosta de ser observado, mas só se dá ao que a ele se entrega.''

    Escutei Engenheiros do Havaí hoje e lembrei de ti.
    Te admirando como sempre. :)

    um abraço
    e espero que estejas bem - e feliz!

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  4. Ah menino como tu escreves tão bem me encantei com tuas palavras.
    "agradeça por ter tio a oportunidade de tentar"
    sempre faço isso para nã desanimar da vida.
    http://srt-jully.blogspot.com.br/

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  5. "as folhas mortas somem antes do próximo outono" adorei Carlo, alias, esse texto me caiu perfeitamente, sabe aquela roupa de número exato? Era o que eu estava precisando ler pra saber que a gente sempre pode sorrir de novo, por mais difícil que a vida às vezes tente ser, e seja.
    -
    Tenho problemas com facebook, mas adorei a ideia de escreve contigo, vou te passar meu e-mail se surgir uma ideia a gente pode ir rascunhando por lá até ter um texto, que tal?
    gabrielafreitasdias@hotmail.com e tenho também o twitter @maspobibi ou @fracass0s

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Pense o que quiser, escreva o que puder, mas, por favor, seja sempre sincero.