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Palavras são doenças esperando cura. Quando digo o que sou, de alguma forma, eu o faço para também dizer o que não sou.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Lambuzar no peito.



Eram 18:59h, o relógio não mudou a hora. Era escuro, dentro ou fora de mim, e havia muitos sonhos para pouco sono pela frente. O Ney Matogrosso, de Oxóssi com Oyá, me suspirava ‘’Promessas Demais’’ com aquele som inigualável, com amor e romance que nunca ninguém soube remeter ao próximo. Amor próprio, acima de tudo. Amor próprio que o meu, seu, deles, nunca soube como transbordar. Palavras agudas em um som doloroso e poético. Palavras mornas dentro do suor acenado de tantos esforços em vão. 

Eu me senti tão sozinho enquanto vaguei por dentro de mim mesmo, cheguei ao ponto, em muitos dias, de me comparar a um entregador de pizza. Já parou para pensar o quanto esse ser é solitário? Ele vem, te entrega a pizza, te passa o refrigerante, te dá o teu troco e enquanto você entra e apaga a sua luz da rua ele ainda está ali fora contando o dinheiro, analisando o próximo endereço, com uma luz e ternura que a gente passa anos tentando encontrar e já possuímos sem saber. Ai, minha mãe Oxum, como eu pedi para que o mundo, pelo menos em meu mundo, fosse menos medonho, com menos choros. Mas que nunca me falte o abrigo de um gélido passado, um de um fodido futuro. De repente, vi que perdi tanta gente, mornas e quentes, escuras e frias… Algumas perdas nos fazem bem, outras nos trazem a lenidade já perdida por outras tentativas, meu bem. 

O medo quase me afogou em minhas próprias lágrimas, me inundei mas não fora de repente que senti a perda. Aliás, querida, a perda é sempre programada de acordo com o início que nem sempre traz uma beleza para algum segundo atrás. Seu coração dispara na tentativa de uma cartada fatal, mas não é assim, perto do Natal, com o peru recheado ou com a gaveta vazia, que vais encontrar o que buscas na estrada, na vida (alheia). Poeiras passam por aqui e você me sorrir mentiras encantáveis. Incontável essa maneira de me restar em um gemido torto, em um sangue desgarrado dessas veias ferventes, mas em tratados com a vida se quebra tudo, menos aquele grito de desabafo e vitória de não ter se entregado antes do vinho chegar, antes da minha alma caminhar. 

Carlo Lagos.

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