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Palavras são doenças esperando cura. Quando digo o que sou, de alguma forma, eu o faço para também dizer o que não sou.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Partida!

Ela advém de tudo que eu teria a oferecer, uma vida inteira parar sermos um só, ou um só segundo para lembrarmos e ser levado por toda eternidade?!?! Ela atrai a sombra do meu espírito de volta, volta sem conclaves ou ecos, volta com abrigos e netos. Ela alastra-se com ternura, maleável e em paz, aguerrida e corajosa. Ela me costura durante os dias para me deixar um trapo nas noites em que ela se deita.  É preciso tenacidade para – não – admirar o teu universo de miado e amores em forma de petiscos. 
Quero tanto descansar em seu dom imanente, passear em um arco-íris contigo, me libertar da vida, enfiar logo de uma vez a mão inteira nessa maldita ferida que ficou em mim desde quando se mandaste pro litoral, pro lado de lado, pro Carnaval das fantasias amorosas, e só me encontrei nas ondas do mar, no doce tempo que nunca foi Rei, mas sempre imperou em meus caminhos.
Tua matéria é indelével, tenho que admitir. Tudo o que fiz era só pra te dar amor, te tirar deste orgulho ferido. Tenho um sentimento inefável e transparente, genuíno e sem juízo. Ficou tão difícil ser feliz depois de nós, depois da cortina aberta, dos armários vazios, da mesa posta somente pra um… Ficou tão mais difícil ser vida depois de uma das partes ida. Partida. 

Carlo Lagos. 


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