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Palavras são doenças esperando cura. Quando digo o que sou, de alguma forma, eu o faço para também dizer o que não sou.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Mãos amigas.

A Nayara Soares, 



Significas muito pra mim e eu não aceito ver você chorar. Olha, talvez, quem sabe, eu até me acostume com essa ideia pífia de viver, mas é estranho pra nós, seres evoluídos demais, ou sem luz em excesso, né? Sabe, muito critiquei a tua forma de ser, cética, abandonar tudo e o nada por muito ou por pouco, mas eu vi que era devido o meu ser se bem mesquinho ao ponto de não saber reconhecer que, por vezes, na vida, o jeito do outro viver é o melhor jeito ou, quem sabe, um jeito de finalmente (so)breviver.  Eu não sei lidar com essa falta, falta de ar, falta de grana, falta de mim, falta da sua presença e do teu jeito torto que me conserta. Eu não sei. Não é pra mim. Eu sou muito egoísta pra em meio à toda essa confusão tentar descobrir o que é melhor pra mim - viu, sempre eu vindo em primeiro lugar?!?!
É estranho, é como se fosse necessário haver dores, perdas, partidas, corações sangrando além do normal, para que haja alegria. Esse espírito naja que carregamos nos deixa assim.  Eu não digo nem que seja alegria, mas, ao meu ver, pessoas como você e eu sabemos ser mais feliz mediante as dores, né? Quando vai tudo muito bem, você, eu, temos que dar um jeito de fazer o hoje acabar logo para que venha logo um amanhã que a gente não se importa. Sem pensar. Sem duvidar. Vamos reclamar, vai valer a pena, mas não nos entenderão e vão dizer que a nossa vida não deveria acabar assim… Quando, na verdade, de fato, ela não está se acabando… Ela está, como nós, buscando uma forma, um porquê, de aceitar tudo aquilo que não é inerente ao nosso ser.

Sabe, filha, eu sinto cheiro de chuva aqui. Tá meio abafado. As várias e longas carreiras inaladas ao longo do dia não me permitiria sentir esse cheiro. Deve ser, como dizemos nos Candomblé, um estado de espírito chamado de:  “axé”. Traz paz. Traz amor. Só não traz você. Você, quem sabe, nos mês dos mortos venha ressuscitar a minha vida (torço que a tua também). Não se torture a cada manhã com pensamentos de que o dia será horrível. Preciso daquela esperança que um dia depositei em ti. Você sabe que eu, esse vadio nato, já sofri demais aqui, e não vejo a hora de ter, quem sabe, uma pequena foto pra guardar de lembrança dos nossos inúmeros sorrisos que temos a dar pra esse mundo profano. Sabe, filha, por vezes, fico me perguntando se eu faria falta. Um monte de mulher mal amadas, e mal enrabadas sabem dizer que eu faria falta. Elas só me buscam pelo lado espiritual. Enquanto você, dear, me busca pelo quê mesmo? Pela devoção um ao outro. Por uma amizade que começou do nada e pra nada, que se distanciou por causa de uma piroca que só soube te foder – literalmente. Mas entre nós sempre houve paz, sempre há mais. Sempre há a espera… Mas que não demore muito, pois não sei até quando saberei ter forças pra fingir que sei sorrir. 

Com todo seu sentimento,

Carlo Lagoϟ.   

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